Premiado na categoria de Instalação
11ª Edição do Prémio Medeiros Cabral
Vejo em mim
o que vejo em ti (2023)
“Vejo em mim o que vejo em ti” pretende inverter o papel de um jogo. Parto do princípio de que um jogo entende-se como um desafio lúdico que envolve uma competição entre dois ou mais jogadores e de que, ao seguir as suas regras, é determinado o(s) perdedor(es) e o(s) vencedor(es) (consoante a capacidade de melhor interpretação das regras do jogo de cada um e respetiva superação de obstáculos). Assim, apercebo-me de que os jogos são sobretudo uma forma de aquisição inconsciente de habilidades essenciais ao nosso crescimento, desde o próprio sentido de competição e capacidade de admitirmos os nossos erros até ao apuramento da nossa responsabilidade e habilidade de toma de decisões. Quanto mais penso sobre os jogos, brinquedos ou até a forma como brincava em criança, mais relações consigo estabelecer com a forma como cresci e até com a pessoa que sou hoje em dia. Desta forma, crio um espaço que pretende refutar esta conotação e fazer sentir o confronto para o qual nenhum jogo nos prepara: o confronto no qual o opositor somos nós próprios. Neste, entra uma série de elementos surpresa nunca ensaiados pela experiência, testemunhado por uma plateia que tem os seus olhos postos nos nossos mais ínfimos movimentos. Nesta situação, o anterior conceito associado a um jogo material dissipa-se, torna-se subjetivo, e a sua conotação altera-se. Este confronto mostra-se autodestrutivo, introspetivo, hostil, de autoprocura, incessante, constantemente monitorizado por uma sociedade antagónica. Um desafio em constante metamorfose, tornando a nossa própria pessoa no adversário repetidamente mais difícil tanto de vencer como de perder.
Envolvido por uma atmosfera tensa, instável, vulnerável, transparente, podemos observar do exterior um jogador a enfrentar-se a si mesmo no jogo batalha naval, que tem por base a destruição, a estratégia, a asfixia e a intuição. Desta forma, não só a situação como também os próprios jogadores, adulteram tanto o papel de um jogo, como as suas regras, lógica e o seu próprio significado.
O espetador é convidado a entrar no espaço, sentar-se na cadeira desocupada, utilizar o código QR para ouvir a peça de áudio da instalação e absorver o confronto que lhe é proposto.
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